REFLEXO HIPÓCRITA
O desencanto
com o canto,
os gemidos de lamentos.
As noites
adormecendo sem estrelas,
o frio do cimento,
as grades,
os prisioneiros das cidades.
Bullying!
racismo!
preconceito!
qual a diferença,
nada de diferente,
é impossível cuspir
o que está na cabeça,
na mente,
teus diabinhos desacorrentados
no subconsciente.
As massas
nas praças,
Os estilistas das lajes
contando vantagens
com rebolados.
Os vendedores
de santos,
fazendo riquezas
pichando o caminho
da fé e dos milagres.
Os espelhos se envergonhando
dos rostos hipócritas refletidos
com vontade de se quebrar
sem os anos de azar.
Os campeões de audiência,
o choro da ausência,
novos costumes
com a violência
na rotina.
A infância roubada
dos meninos
das meninas.
A inocência vendida
nas mansões luxuosas
ou ali na esquina.
O controle absoluto
do console,
o Esc fazendo
a tela voltar.
Onde ficaram
as bolas de gude
ou o canto dos sabiás.
Nas noites estreladas,
nas bolas de gude,
nos sabiás,
nas lembranças...
Talvez,
na gargalhada da Pitukinha
uma estrela guia
de esperança.
Seria quase mágico,
pura magia,
no fim do novelo
passar uma borracha
na cara da hipocrisia,
ou esconder o espelho.