Como se a vida fosse eterna

Sentido que a vida leva,

sem um piloto automático,

deixando na presença a terra,

que nos devora o corpo estático...

A sentença que nos dita os dias,

como o pó que nos transforma,

entre a vida e a morte das almas frias,

o silêncio corporal na espera adorna...

Se existem as nuvens negras,

que carregam a angústia como tónico,

enroladas descontinuadas, sólidas como pedras,

tornam a passagem da vida num ar incógnito...

Janelas fechadas no céu falso,

desfeito das marcas que foram desfeitas,

o abandono é apenas o percalço,

todas as relações se tornam estreitas...

Só a medida do pensamento se atreve a ter ética,

como ideias dentro de uma mente poderosa,

nesta sabedoria inexistente, mentira livre poética,

onde cada palavra é uma arma dolorosa...

Se o sentido da vida retorna ao mundo,

onde todas as paragens carregam gente,

a voz que comanda o ser profundo,

transforma o mundo na compreensão de cada mente...

A renúncia à libertação do espírito aberto,

onde as palavras são como setas,

os olhares frios que se tocam por perto,

tiram a cada voz as palavras certas,

como se um dia a vida fosse eterna...

Nuno V Godinho

30-10-2013