RAMALHETES
Quando eu... ainda era tenra flor
Qualquer terreno já me era tão propício!
Desabrochava ao explendor do derredor
Como se só fosse obrigação do meu ofício.
Quando eu... ainda era tenra flor
Briho de sol se declinava ao meu domínio,
Caísse a chuva sobre mim no seu rigor
Em ramalhetes resfolegava o meu sentido.
Quando eu... ainda era tenra flor
Viçosas pétalas balouçavam-me sob a brisa
E quando o orvalho refrescava o meu calor,
Me deleitava sobre o tempo , sem sobreaviso.
Quando eu...ainda era tenra flor
As borboletas visitavam-me em romaria
E na beleza das primaveras desenhadas,
Reflorescia sempre em nova calmaria.
Os passarinhos, quando eu era tenra flor
Me cortejavam qual ensejo dum carinho,
Nas revoadas de andorinhas, eu era a cor!
Que adornava a construção de todo ninho.
Se o sabiá se emudecia à chuvarada
No grande susto da mais remota passarada,
E o Bem- te- vi já não me visse do horizonte
Em tenra flor eu me emanava ao céu distante.
E no ingênuo bem- me- quer da criançada
Onde o amor jamais prevê jogo de azar,
Me desfolhei pelos jardins das alvoradas,
A perfumar todo destino a se traçar.
E quando o tempo deu sinal de invernada
Quando me dei por tenra flor a derribar,
Pude sentir a ilusáo já decantada:
Última pétala dum ramalhete a desfolhar.