Recado a um rei sem poder
pior que ser ditador
do não e do sim
é a tristeza e a angústia
do talvez
sequer ressente a ferida aberta
de um quem-sabe tresloucado
um quase-sim ancorado
entre os dentes de um rei sem trono ou poder
podes pensar que o dinheiro
traz-te lauréis
mas labutas todos os dias
por nada, pra nada, por desdém
por quimeras que roubas enquanto dormitas
ladrão és, de tuas próprias fortunas!
Pois teu legado é de detritos!
sou rês desgarrada
ando a esmo nas calçadas
das ruas imundas de tua podridão
enquanto finges em meio a teus castelos
(que o vento irá deitar ao chão)
pendurados no tempo
seguem teus cavalos de altivez
permeando a tez e teus alvos cabelos
que o tempo tratou de escolher
mas nada, nenhum refúgio
há no infinito
que o faça abarcar
a plenitude de sentir-se amar!