ÀS VEZES

Às vezes sou pedra à procura de lodo

Em leito de rio que já nem existe

Às vezes não sou nem a metade nem o todo

Outras vezes cara feia, frente dedo em riste.

Às vezes sou caminho pedregoso à espera de asfalto

Flores abandonadas sem carinho e sem água

Muitas vezes sofrenndo horrores e rindo sem mágoa

Porque a resposta à maldade vem sempre do alto.

Tem vez que durmo sem saber que me acordo

Das vezes que adoeci esperando o fim do viver

Às vezes sou cais, marinheiro e passageiro a bordo

Às vezes sou pobre de espírito com ânsia de ver.

Sou esteio de casa na iminência de ruir

Telhado quebrado provocando goteiras

Menino travesso sem querer me instruir

E às vezes com medo de dizer asneiras.

Às vezes sou raiz de erva daninha

Absorvendo a água de roseiras floridas

Outras vezes nem esperei o outono que vinha

De tanto penar com a alma dorida.

LeandroRecife
Enviado por LeandroRecife em 20/11/2013
Código do texto: T4579541
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