ÀS VEZES
Às vezes sou pedra à procura de lodo
Em leito de rio que já nem existe
Às vezes não sou nem a metade nem o todo
Outras vezes cara feia, frente dedo em riste.
Às vezes sou caminho pedregoso à espera de asfalto
Flores abandonadas sem carinho e sem água
Muitas vezes sofrenndo horrores e rindo sem mágoa
Porque a resposta à maldade vem sempre do alto.
Tem vez que durmo sem saber que me acordo
Das vezes que adoeci esperando o fim do viver
Às vezes sou cais, marinheiro e passageiro a bordo
Às vezes sou pobre de espírito com ânsia de ver.
Sou esteio de casa na iminência de ruir
Telhado quebrado provocando goteiras
Menino travesso sem querer me instruir
E às vezes com medo de dizer asneiras.
Às vezes sou raiz de erva daninha
Absorvendo a água de roseiras floridas
Outras vezes nem esperei o outono que vinha
De tanto penar com a alma dorida.