O TAO PROFANO

O Tao da física

o fulano de tal,

chapeuzinho vermelho

brincando com o lobo mau

no vídeo online

de calcinha,

na TV

o Pica-pau.

A geração Xuxa

na vida real.

A cena,

o time,

a traição,

o crime,

a desgraça.

O éden das drogas,

o álcool das raves

os bêbados das baladas,

o côncavo e convexo

as delícias do sexo,

a velocidade máxima.

De Iphone na mão

Camila ainda fará dezessete em janeiro,

Carolina não é mais uma estranha

fazendo pose nua e se masturbando no banheiro.

Do rock

ao funk,

do samba

a micareta,

a música cria tribos

dos alienados

aos caretas.

Dos condomínios

as favelas

dos becos

as praças,

a verdadeira divisão

das raças.

Do escocês importado

a mistura de cachaça

com tubaína,

do lixo das mansões

as garrafas pets

rolando no esgoto

da esquina.

A vida,

a fama.

A fama,

o tiro,

a overdose no caminho,

o fim da vida.

A falta de fé,

as preces,

os santos,

nos altares materialistas

os gemidos de desencanto

O caviar,

a fome,

as dietas,

só os bonitos

nos convites de festa.

Amor à primeira vista

ou apenas uma transa,

fluidos despejados

sem deixar saudade

da primeira vez.

Esse talvez,

de que somos

predadores deturpados

pelo profano explícito,

sempre os primeiros da fila.

Passageiros algemados

de almas acorrentadas,

de mentes surtadas,

caçando nossas terapias.