OLHAR SEM DONO
(Sócrates Di Lima)
Como o Sol espia o dia,
Como a Lua a noite espia,
Estrelas olham com fantasia,
O olhar sem dono da poesia.
Olho o olhar da tarde,
Sereno absorve minhas vontades,
Enxergam o fundo das minhas verdades
E se fecham em murmúrio de saudade.
Olhar de saudade do que!!!
Do ontem e do agora!..
Saudade de qualquer coisa de você,
História escrita ou que brota na sua hora.
Olhar sem dono...
Perdido nos entroncamentos,
Fitando o horizonte em abandono,
Expondo em versos os sentimenos.
O meu olhar absoleto,
Sem trégua...
Um olhar estreito,
Ao longo de uma régua...
Olhar de poeta,
Triste olhar de homem menino,
Buscando um olhar na reta,
E nas curvas do destino.
Meu olhar de poesia,
Vendo os versos na escuridão,
Palavras mortas e sem alegria,
Nascidas no breu do coração...
Olhar sem dono...
Buscando o olhar infinito,
Nas noites perdidas sem sono,
Ecos do silêncio em gritos..
Olhar que a alegria nunca esmole..
É como o olhar de um passarinho,
Perdido no nada que o console,
Em busca de outro olhar que lhe traga carinho.
E no olhar da poesia,
Que rima os versos sem querer,
É um olhar sem dono na doce vigilia,
Em encontrar outro olhar que o possa ao longe ver.