Bicho

Na pele já sem cor o amor terrível

O incessante vai e vem dos objetos, eu e você,

Com as marcas de panteras visíveis a olho nu,

A sensação de cansaço e fome,

A sede disfarçada dos corpos molhados.

Existe um bicho que come e disputa, nesse espaço de olhares entrecortados.

No braço, um sinal de força, uma batalha perdida

Mas não se vê as palavras mudas,

O sangue branco entre as pernas vermelhas,

Uma discórdia de sensações e silêncio

Beijos, beijos e salivas.

O traço da marca do corpo, desfeito e calmo de vergonha.

Já não se vê nenhum rosto;

Já não se sente pele;

Já riscado à margem do corpo,

o fantasma de mais um homem.

Jana Canuto
Enviado por Jana Canuto em 07/11/2013
Código do texto: T4560312
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