Bicho
Na pele já sem cor o amor terrível
O incessante vai e vem dos objetos, eu e você,
Com as marcas de panteras visíveis a olho nu,
A sensação de cansaço e fome,
A sede disfarçada dos corpos molhados.
Existe um bicho que come e disputa, nesse espaço de olhares entrecortados.
No braço, um sinal de força, uma batalha perdida
Mas não se vê as palavras mudas,
O sangue branco entre as pernas vermelhas,
Uma discórdia de sensações e silêncio
Beijos, beijos e salivas.
O traço da marca do corpo, desfeito e calmo de vergonha.
Já não se vê nenhum rosto;
Já não se sente pele;
Já riscado à margem do corpo,
o fantasma de mais um homem.