ESTRELA DO MAR
Se eu fosse uma estranha,
Não reconheceria este mar.
Piso leve em suas areias,
Com a impressão de que são pétalas
E não as quero machucar.
Esta praia é minha,
Por isso reconheço cada levantar
Das ondas e suas corcovas encapeladas.
Delas colho as brancas rendas,
Que me enfeitam as mãos
Como prêmio pela visita.
Entro na água calmamente
E ouço sua voz que vem de tão longe,
Dizendo-me que o tome
Em toda sua largueza.
Tomo-o, bem seguro
Tal fosse uma fera incontida
Domo-o no escuro
De sua profundidade.
A mim se entrega e se oferece
Mais, mais e mais
Ondas infindas.
Cansada, sento-me na areia
Recolho seus tesouros de além-mar.
Enfeito-me com cada peça que cintila,
Deito-me no macio de seu leito.
Quando da madrugada surge o sol,
Então, porque sei, adormeço
Que as estrelas do céu e da terra
São minhas e adornam-me o corpo.
Este extasiado sobre a pluma do chão,
Revestido de pétalas transformadas
Em estrelas que cacei, embebedada
Do lirismo dos loucos
“Difícil e pungente lirismo dos bêbados”.
Minhas as estrelas do céu e do mar,
Meu o mar e a largueza dele salgada.
07.11.2013
01:08