estamos secos
estamos secos, mas não lamuriosos,
aguardando a próxima chuva, mas algo
nos incomoda, pois o céu a azul e decidido
não nos mostra nada, além de sua vingança.
a alegria , antes, abundante, não sabíamos venerá-la;
hoje, rara, fazemos
orações, clamamos ao céu e suas diversas faces
oramos aos santos e aqueles que atravessaram
o portão e encontraram a terra de abundância;
lembro-me do rio que nos banhava a pele
da natureza nos brindando com sua força
e sua coragem, e nós , cegos, nos cumprimentávamos com os umbigos e,
imáginávemos eternos e lúbricos, entretanto
a verdade, filha do tempo, que pensávamos
lugar de consolo, é mais uma pedra que nos
chafurda, mas o fio, cuja força nos lembra
uma linha d'água correndo na falha das pedras
nos diz, tímido, que, de onde vem, há sim,
lugar de peixe e profundeza