Memórias em relevo (Sobre a dança)
Uma coceira nos pés, esta manhã:
rescaldo da dança,
da noite passada.
Eu coberta dos pés à cabeça
de passos de dança Sertanejo
quando o grupo terminou
o segundo número.
Como um dia em que
se esquece a dança:
pausa para o café,
para os dois.
"Pare de escrever sobre o amor", me aconselharam.
Poema também é dançar um bolero juntinho, é?!
O cavalheiro chama minha amiga pra dançar um bolero.
E dançam noite inteira, rostos colados.
Noite em que o mundo me esqueceu.
Na dança,
aquele passo
parecia tão simples -
o que joguei fora?
Minha amiga parece envelhecida -
peso dos tempos em que não dançará.
Manhã; parto para Juiz de Fora.
A dança nos teus pés
parece tua identidade!
Enquanto você dança,
a borboleta de verão pousa
no xadrez de sua camisa de algodão.
Dizendo: então...
como se saísse para dançar,
deixei minha amiga no ponto de ônibus.
Pego meus pés dançantes
e os atiro ao céu
para assegurar
tempo bom amanhã.
Os degraus da dança
ainda me confundem
mas continuo subindo no sonho.
Dia haverá em que me tornarei
exímia dançarina.
Dobro a toalha,
embrulhando o cheiro de sol.
Gostaria de ir ao Canto da Ema
mas aqui estou
plantada em casa.
É sempre o homem que
conduz na dança.
Por tuas costas,
noto a tua elegância rara.
Tão agradável, o aroma
do café em minha mesa -
pensar em viver só de dançar!
"Os primeiros passos estão saindo,
lindos e perfeitos":
primeira linha de uma carta.
Vontade de escrevê-la.
Um dia sem compromisso.
Para passá-lo
brinco sozinha de dançar.
O que, para quê e para quem
estou dançando?
Meu perfil daqui um ano.