O câncer do verso

Escrevo para que o futuro lembre da escrita

Marca eterna das mais intensas histórias

Na poesia, definho em memórias

Na poesia, na poesia...

Na poesia, a vida vira conto

Que irriga os sentidos e a inspiração

Canção de ninar que mimará a prole minha

Tudo parece um sonho

Um sonho transbordado em linhas

Na poesia, na poesia...

Na poesia, as folhas das árvores voam para longe

E encontram um novo paraíso

Deixando os antigos galhos para trás

Pulando a cerca, tocam os montes

Que se fazem de moradia

Na poesia, na poesia...

Na poesia, a existência é uma análise

Desequilibrada, dolorosa

O mundo é eterna catarse

Poema, Poesia e Prosa

Na poesia, o tumor vira espuma

Que se espalha, espanta e expungia

Que espelha o autor estarrecido

Expurgando-se de sua exterioridade

Na poesia, na poesia...

Na poesia, a clareza assume o corpo, que suplica

Limpando os resquícios do antigo, que dita

Os bons modos de convivência

Ah! Houvesse conveniência

Em retratar a vida e suas desavenças

Na poesia, na poesia...

A poesia é documento dos que gritam

Dos que se recriam, renovam, agitam e choram

Que deixam sua gota de sangue no tempo

A poesia é câncer, veneno obsceno

Que gera ânsia e descontentamento

Não obstante ser nua e viver no silêncio,

Berra tão forte o argumento

Que, em escandaloso desalento,

Mistura ódio, felicidade e estranhamento

Na química perfeita do lirismo

http://PeliculaPoetica.blogspot.com

Gabriel Coêlho
Enviado por Gabriel Coêlho em 28/10/2013
Reeditado em 28/10/2013
Código do texto: T4544919
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