O martírio do poeta

Cadê a fama que me devem

por tudo que não escrevi?

Aqui há palavras belas

sobre tudo que nunca vi

E parir essas palavras

A beleza delas, as tiraria

e não seria tirania

torná-las mortais como eu?

E tudo que existe

alguém já escreveu

É tão bom ter algo

que seja só meu

E então embaixo da terra

com meu espírito eternamente voraz

os versos mais lindos da minha vida

descansando em paz

e mil poemas selvagens

morando dentro de mim

E essa confusão toda

É tudo que mereço

Alimento minhas quimeras

se não, pereço.