(De)Pressão
Despenquei no abismo.
Encolhido aguardei o baque
Que não vinha, e não veio
Como que caçoando
Do meu pavor.
Encolhido, senti sob meus pés
Roçar de lâminas afiadas e moles
Como que caçoando
Do meu perigo.
Encolhido, não via nada.
Negrume ensurdecedor e quente
Como que caçoando
Da minha impotência.
Impotência.
Dormência da mente
Não sente
O presente
Amarrada ao passado
Laçado
Na dormência latente.
Agora percebo meus olhos cerrados.
Suspiro.
Afasto o medo em pré-conceito.
Abro os olhos.
Tropecei em achismos.
Encolhido neguei o toque
Que havia, mas não veio
Como que confirmando
Ponto a favor.
Encolhido, senti sob meus pés
Roçar da grama macia que acolhe
Como que confirmando
O meu abrigo.
Encolhido, não via o nada.
Perfumes florais sob o sol presentes
Como que confirmando
Meus erros em cadência.
Sapiência.
Ao abrir os olhos, vi que estava errado.
Algo ocorreu:
Todo o negrume e o pavor relatado
Não estava lá.
Era eu.