fingimentos
Fazia já uns dois anos que Ana casou com Paulo, no começo era bom, mas a rotina era de doer...Paulo era homem ordeiro. “Toda mulher gostaria de ter um homem igual o seu, Ana”. Dizia a amiga
Gorete, solteirona que não deu sorte nessa área da vida. Ana sabia que ele era o cara certo, honesto, responsável, sabia cuidar, estava sempre atento aos humores femininos, e os de Ana, era como uma montanha russa.
De onde vem essa infelicidade se estou com homem perfeito? Perguntava pra si, mas no escuro do quarto, de preferência com a porta fechada. Essa ânsia de viver, de sair, de conhecer gente, falar de coisas excitantes, de literatura, ir ao teatro, ser descarada com seus sentimentos. Assumia que deu sorte, mas uma sorte triste e segura. Quando Paulo chegava á noite do trabalho, fazia tudo certo , o jantar, a roupa passada, a casa bem limpa. Os dois na mesa, a conversa morna, Sem graça, tediosa, assistia um pouco de televisão.
Lá pelas tantas, ele a acariciava, tocava seus seios, beijava sua boca, respirava apaixonado, e fitava longamente seus olhos, ela o recebia. Ele a levava para a cama. Antes – espera!, ia até o banheiro, fechava a Porta, bem fechada, abria no fundo do baú de cosméticos, a pomadinha. Uma santa pomada que salva amores, espreme um
Tanto, mais um pouco. Ele é bom, ele está merecendo. Sobe na cama, é bom ter esse homem apaixonado, que medo de perder isso,
Pensava enquanto era sugada pelo desejo de Paulo, ela? longe, bem longe. Eduardo, esse era maluco, mas sabia como possuir uma mulher, Juarez, que vababundo! Como pude enlouquecer por alguém daquele jeito. Carlos, suave e venenoso. Romeu, que homem mais
Safado. E Paulo respirando forte, abraçado forte, queria fundir com ela, entrar dentro de seu corpo, sugar o seu perfume, o seu gosto. E ela de olhos fechados, numa outra vida que não aquela, com outros homens, que não aquele, tão próxima, tão distante. E Paulo, esse não sabe, nem sequer desconfia dos abismos dessa vida...