Espera
Eu fico assim, sem jeito, sem graça
Olhando ao redor
Feito bicho do mato preso em gaiola
Igual gente estranha no meio de comemoração
Ando de um lado para outro
Procuro alguma coisa sem saber bem o quê
Esquecida do gosto de tudo
Sem ouvir e sem ver o que antes tinha algum valor
Fico quieta, inquieta
Buscando um canto qualquer
Para me acolher, me encolher
E mal disfarçar meu sorriso quase torto.
É uma coisa estranha
Desconfigurada, desformatada
Desarranjada no meio da tarde
Entrando pela noite e doendo madrugada afora
E eu passo assim, horas a fio
Dirigindo sem rumo
Pensamento pregado, colado
Respiração abafada, olhos quase sem cor
Pareço uma flor meio murcha
Ansiosa e com sede de água
Largada numa tarde vazia
Em um vaso coberto de pó
Tudo isto tem forma
Movimento e explicação
Minha cura, meu norte
Seu nome de todos os tempos
É hoje a única forma de dar sentido
Nos meus momentos de espera por você.