Noite Carioca
A noite, descalça, paira plena sobre a enseada, inerte.
As ondas vêm, balançam os soluços do vento...
nada é como antes; nada mesmo...
as coisas flutuam: os pesares se rearranjam, se desarranjam, se confundem.
E a noite plena, brilha alheia a tudo...
Ela é soberana dentre todos os concorrentes...
beleza incontestável...
sua pureza, seu passear calado lembra a valsa de uma bailarina...
dançando à valsa dos amores eternos que acabam sempre....
as coisas são como antes, acho...
oq amores vêm e vão,
mas Não...
Desmancho...
tudo se desmonta, se reconfigura...
o rosto doce de um menino dos olhos pequenos brota no olhar da noite, cálida...
a noite se encanta com seus encantos..
luz?
desejo de irradiar um poema divino..
escondido nos véus do menino andante...
um carioca.
A noite se cala diante de tanta beleza...
a noite espera seus cabelos voarem,
seus pés perderem o alcance das nuvens...e da concretude aparente do que é incerto.
A noite se cala diante de tanta distância...
as almas se tocam, mas como?
se ela é apenas uma estrela errante, que brilha num escuro..
procurando um céu?
O menino tira o véu, e mostra os olhos...
os olhos se cobrem de vergonha...
por trazerem por dentro poesia....
menino verso...
no seu reverso verso..
o dia?
brilho....