ceder

prensado, vou balbuciando

versos e perguntas,

as ripas das cercas me espreita

e lhes fecho os olhos e as palmas

entro em trilhos absortos,

verto-me na densidade da terra

nas faíscas acesas dos pedregulhos

e meus passos doem pois sabe

que carregam uma vida...

o vento me conta dos rios

dos vestidos, das pernas negras

e enxovalhadas das lavadeiras

me fala também com gestos e

e sua temperatura me põe perto

da minha carne...

e eu dou conta de mim

dou conta dela, e das ramas

que me confunde de medo

então, eu, repente, paro

e deixo que a barragem de

cimento e arame farpado ceda

para o sol derrame sobre a estrada.

Andrade de Campos
Enviado por Andrade de Campos em 20/09/2013
Código do texto: T4490595
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