SABIÁ DAS MONTANHAS
Picumã no sorriso,
lembrança com teias de aranha,
vazio na alma, divã esperando quem ama.
Romãs sobre o muro, futuro incerto,
horizonte perdido, pensamento deserto.
A lama a poeira, o teto, o chão,
a várzea a ladeira, a cadeira o fogão,
o bolso vazio, a panela furada,
a ilusão entre o tudo e o nada,
a vida na lona e o pé na estrada.
Viola afinada, camisa bordada,
o jeans desbotado a vida jogada,
somos companheiros de luta,
sempre na labuta,
contra a força bruta ao longo da jornada,
Se o céu não escuta, a vida gargalha,
calejo o joelho que a reza não falha,
ando na corda bamba, fio da navalha,
dissonando, cantando buscando harmonia,
sou um sabiá nas montanhas de Minas,
inalando o perfume do dia.
Saulo Campos - Itabira MG