SABIÁ DAS MONTANHAS

Picumã no sorriso,

lembrança com teias de aranha,

vazio na alma, divã esperando quem ama.

Romãs sobre o muro, futuro incerto,

horizonte perdido, pensamento deserto.

A lama a poeira, o teto, o chão,

a várzea a ladeira, a cadeira o fogão,

o bolso vazio, a panela furada,

a ilusão entre o tudo e o nada,

a vida na lona e o pé na estrada.

Viola afinada, camisa bordada,

o jeans desbotado a vida jogada,

somos companheiros de luta,

sempre na labuta,

contra a força bruta ao longo da jornada,

Se o céu não escuta, a vida gargalha,

calejo o joelho que a reza não falha,

ando na corda bamba, fio da navalha,

dissonando, cantando buscando harmonia,

sou um sabiá nas montanhas de Minas,

inalando o perfume do dia.

Saulo Campos - Itabira MG

Saulo Campos
Enviado por Saulo Campos em 16/09/2013
Código do texto: T4484912
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