DRAMA (Um conto em versos)
Pedro era taxista,
ainda novato na profissão.
Moreno, forte, trinta anos,
recém-casado, um filho.
Naquela tarde, o telefone do posto toca
e uma voz feminina pede um taxi.
Era a sua vez.
No endereço indicado parou.
Sai de casa uma linda mulher, jovem e loura.
Parecia triste.
- Destino, senhora?
- Um bar qualquer, respondeu uma voz
que não parecia normal.
E agora? perguntou-se Pedro,
pensando no bar de Enéas, à beira-mar.
Quando parou, ela lhe disse:
- Meu nome é Helena. Desça comigo,
me faça companhia.
- Senhora, não posso, sou um profissional.
- Não se preocupe, eu lhe pago o tempo.
Preciso de um amigo e meu único amigo,
nesta tarde, é você.
Anoitecia.
Passado algum tempo, Helena pôs sua mão sobre a de Pedro
e lhe contou o seu drama.
Pedro ouviu atentamente sua triste história
e lhe disse fixando-a nos olhos:
-Dona Helena, a senhora ainda será feliz,
tenho certeza disso.
Os olhos de Helena, então, marejaram.
Passado mais algum tempo, Pedro lembrou:
- Dona Helena, já é noite.
Ela respondeu: - Vamos.
Pagou a conta e saíram.
Sentou-se no carro ao lado de Pedro.
Enlaçou-o pelo pescoço e o beijou.
Pedro aceitou o beijo, afastando-a depois educadamente.
Ao descer do carro, Helena lhe disse:
- Obrigada, Pedro, por esta noite,
nunca a esquecerei.
Agora, deixe-me em casa.
Quis pagar-lhe, mas Pedro não aceitou.
Esperou até que alguém abrisse o portão e ela entrasse.
Natal, agosto/2013