CANDELABRO
É com estrelas que eu sempre pago,
Pela escuridão dos dias nublados...
Pago pela ousadia de estender a mão
Pela coragem de acolher meu pobre chão.
Com estrelas eu acendo o breu de toda noite
Por todos os caminhos de invisíveis açoites.
Pago com o infinito estelar dum céu,
Ao tudo de finito, ora mendigante ao léu!
Com estrelas ilumino a perene escuridão,
Pago sempre alto preço a denunciar a contramão.
Até com breve luz duma estrela decadente
Ilumino a imaginária comunhão das tantas gentes!
Com a alva e persistente pequenez de estrela Dalva...
Também pago pelo céu que ilumina e que salva!
Com as tantas estrelinhas da constelação maior!
Eu acendo as entrelinhas dum escuro derredor.
Com estrelas remunero cada passo solitário...
De seguir sofregamente a acender meu candelabro.
Pago pela ousadia, pela indignação...
Com estrelas de alegria,
Por ter podido dizer...não!