que lugar era aquele
Quando eu tinha sete anos, eu vivia muito perto das coisas,
Da vida, da minha vó, do quintal, das brincadeiras na rua á noite,
Não existia tanto pra se preocupar. Esse pavor que a vida tomou veio
Depois. Bem, mais isso não vem ao caso agora. Melhor ficar no que
Interessa nesse momento.
Eu acordei naquele dia, e como sempre fui direto pra cozinha procurar algo pra comer. Minha mãe havia saído bem cedo, assim
Minha vó falou. Peguei pão e café e me sentei na mesa. e foi então
Que minha mãe chegou, e com olhos alegres – consegui. Apenas olhei sem entender e foi assim que ela emendou – a partir de hoje você vai estudar, consegui a vaga no Sá Miranda.
Eu já tinha visto falar em escola, mas não sabia porque
A gente precisava ir pra lá – toma seu café. Minha mãe faiscava os
Olhos quando dava uma ordem. Virei o café todo na boca e fui pro quarto mastigando o resto do pão. Vesti a roupa que ela tinha trazido quando foi pra São Paulo, minha roupa de Super-homem. E ela riu com riso estranho. Mandou eu tirar aquilo, porque o que eu ir fazer
Não era brincadeira, é coisa séria disse com os olhos mais de medo, me vestiu uma calça azul de tergal e uma camisa branca que foi de Lilia, minha prima que tinha jeito de rico, que morava em potiragua...penteou meu cabelo e passou água pra
Ficar bem liso.
Não sei se estava feliz, acho que estava mais com medo do que
Qualquer outra coisa. Pegou no meu braço e a gente subiu a rua
Jacarandá até o final, perto da igreja viramos a rua. Ai ela com o dedo apontou pro prédio no final da rua. É ali que você vai ficar,
E de repente vi na rua muitos meninos e meninas. Não parecia ter tantos na cidade, quase perguntei pra minha mãe onde eles moravam
Que eu não via eles na rua. Mas não perguntei, só fiquei apertando a
Mão dela. na escadaria da escola, cheio de meninas mais velhas com as calças coladas de apertada, minha pernas tremiam como vara verde quando está ventando.
Dentro da escola havia esse corredor, grande, bem comprido,
As paredes coladas de papel, os meninos arrumados como se fosse
Normal andar arrumado. Minha sala ficava no fundo, a ultima do
Lado esquerdo. A porta já estava fechada, já tinha começado seja lá
O que fosse aquilo, já tinha começado.
Minha mãe bateu na porta e a professora abriu, depois soube do nome dela, Professora Joana, Uma mulher já bem acabada, com os dentes sujos de fumar e cabelos encaracolados. Minha mãe falou alguma coisa pra ela, ela riu feio e emendou com jeito agressivo, cadê o caderno dele e minha mãe respondeu que soube que governo ia dar os cadernos. Ela ficou quieta, mas logo falou que o governo manda o caderno bem depois e que todos na sala tinha caderno.
Mesmo assim, ela me deixou lá. fiquei sentado
Nas carteiras da direita, e vi que muitos das meninas tinha uma
malinha que guardava merenda. passei a mãnhã olhando
para a parede, tomado de vergonha,
E sem saber que lugar era aquele