A PARTE QUE NINGUÉM QUER
Tumores, gases, rancores, fezes,
bolor...
Teu vômito embriagado,
O mau humor,
A raiva incontida, a revolta, o trauma,
A alma desgovernada e sem direção,
O não...
As migalhas desprezadas no chão são minhas!
Um segundo do teu olhar,
Sua profundidade obscura,
Seu suor das axilas após horas de labuta.
Quero a puta desprezada,
Doente, maltratada.
Quero todas as feridas não curadas.
Quero uma porrada
E todas as lágrimas que eu possa derramar.
Quero um mar de destempero,
Dê-me o desespero,
A fome, a dor da perda,
O prazer da solidão.
Deixe que eu lamba teus pés imundos,
Sua virilha sebosa,
Seus pelos do nariz.
Dê-me um triz de seu arroto
Para que eu possa respirar.
Dai-me a morte
Quando eu não puder mais tê-lo
É só o que me falta dar,
Pois, teu resto
Todos têm além de mim
E eu exijo prioridade.