A PARTE QUE NINGUÉM QUER

Tumores, gases, rancores, fezes,

bolor...

Teu vômito embriagado,

O mau humor,

A raiva incontida, a revolta, o trauma,

A alma desgovernada e sem direção,

O não...

As migalhas desprezadas no chão são minhas!

Um segundo do teu olhar,

Sua profundidade obscura,

Seu suor das axilas após horas de labuta.

Quero a puta desprezada,

Doente, maltratada.

Quero todas as feridas não curadas.

Quero uma porrada

E todas as lágrimas que eu possa derramar.

Quero um mar de destempero,

Dê-me o desespero,

A fome, a dor da perda,

O prazer da solidão.

Deixe que eu lamba teus pés imundos,

Sua virilha sebosa,

Seus pelos do nariz.

Dê-me um triz de seu arroto

Para que eu possa respirar.

Dai-me a morte

Quando eu não puder mais tê-lo

É só o que me falta dar,

Pois, teu resto

Todos têm além de mim

E eu exijo prioridade.

Júlio Amorim
Enviado por Júlio Amorim em 24/08/2013
Reeditado em 23/01/2015
Código do texto: T4450045
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