DESALENTO MATINAL
Passarinhos nas janelas, primavera nos quintais,
lua cheia, noite bela, preludia temporais,
amores brotam do ventre das cantigas matinais.
O lençol cobrindo o leito, esperando o novo dia,
a esperança no peito transbordando de euforia,
vai resguardando a lembrança mesmo que seja tardia.
Num arpejo me embriago, desejando teu amor,
rebuscando teu olhar honorável sonhador,
acordando a fantasia, num sorriso furta-cor,
que essa nova estação esperava impaciente,
só pra sentir teu perfume e beijar-te tão somente,
mas eis que a primavera foi-se assim tão de repente,
deixou a gente esperando e assim a revelia,
levou consigo a beleza que ostentava a nostalgia,
e hoje ainda busco acalanto pra essa vida vazia.
Saulo Campos - Itabira MG