MEU CANTO
meu canto
não atravessa o saara
nem sara
a crua ferida do seu coração
meu canto
é feito de dor e espanto
é fanho
é escravo de ganho
que não aprisiona nenhum pão
meu canto
não paralisa o tráfego
não levanta paralítico
de sua cadeira de rodas
não converte nenhum político
nem transforma água em vinha
meu canto
é só uma candeia
aliada do breu
meu canto
é uma flor que tateia
a imensidão