Poema 0048 - Te espero, me espere
Te espero... estarei ao lado da porta,
talvez chore até os carinhos chegarem,
ainda está escuro no meio de nós,
os sonhos das noites não têm lua.
Te espero entre minhas realidades e os desejos,
perto dos sorrisos que não saíram da boca,
meio perdido entre ruas e esquinas solitárias,
espero vivo, pensando em meu corpo junto ao teu.
Te espero com minhas mãos limpas e o coração,
para que tomes posse dos meus quereres,
que cures os sentimentos que estão pela metade,
para que do meu peito fuja este maldito amor abstrato.
Me espere, ainda que distante, estou a caminho,
meus sentimentos nus, como pés descalços,
não é assim que preciso te sentir em mim,
creio nos porquês, nas palavras mudas dos olhos.
Me espere, mesmo que todo o tempo seja noite,
ainda que minhas palavras não façam sentido,
escuta, espera um tanto mais, estou chegando,
caminho devagar, tenho dores antigas, dor de amor...
Me espere, mesmo se chegar triste, espere;
podemos juntos fazer dias de sol, luz de lua,
rolar entre lençóis manchados de nosso prazer,
marcar o outro com todos os gozos dos amantes.
Somos as palavras que não ensurdecem a paixão,
o encontro de dois corpos em apenas uma alma,
ficamos um quando os olhos se cruzaram,
podemos tudo quando os desejos afloram à pele.
Somos todas as vidas dentro de um mundo,
um par de corações que descompassam com um beijo,
o presente a todo instante, ainda que ausente do corpo,
não sei as perguntas, juntos, somos as respostas.
Somos a paixão, a mudança, únicos sobreviventes,
temos um mundo próprio e impróprio para a solidão,
tortura um pouco, grita todos os nomes, que seja o meu,
jamais esqueceremos... a não ser, um dentro do outro.
13/11/2004