Poema 0046 - Fazendo amor
Meu mar é como braços longos,
partes que se arrastam pelo corpo;
como o sol, os olhos têm brilhos de tesão,
marés, como roupas jogadas sem direção.
Seus céus têm afluentes, astros,
estrelas que repousam em meus lábios,
lácteo, na boca fervente do sexo,
o desejo branco que escorre em silêncio.
Vento, ante o arrepio do beijo na nuca,
vem a dor das unhas cravadas nas costas,
palavras obscenas são jogadas no teto do quarto,
sopros ofegantes completam as bocas sedentas...
Seios, montanhas estrategicamente colocadas,
picos redondos, morros tensos e provocantes,
destemperam aos primeiros toques,
róseo, pontiagudo desequilíbrio da minha fome.
Tempestades, cheiros e líquidos... cio,
misturas de tramas silenciosas,
despertando as loucuras sedimentadas da paixão,
fluidos que inflamam ao roçar das peles.
Caminhos, entradas de nossos segredos,
túneis, dobras, ruas de peles lisas,
protegidos por pêlos suaves,
ora coloridos, ora ensopados pela saliva quente.
Raios, brilho instantâneo refletido nos olhos,
sonhos que aparecem estampados no rosto;
junto, a vontade do grito, o urro de prazer,
formando fluxos de desejos encaixados ao gozo.
Brisa, abandono silencioso dos sexos,
peles são resfriadas por poros úmidos dos suores,
braços deslizam relaxados ao redor de corpos nus,
mãos afagam suavemente refrescando como chuva fina.
10/11/2004