Odio e Amor*
Apostaram certo dia
Odio e Amor quem mataria
Mais e melhor.
Saem como para a guerra
Armados, de olhar que aterra
O Odio, de um sorriso o Amor.
O Amor quasi de improviso
Vae matando com o sorriso
Caindo vão.
Morto aos seus pés o nobre,
O plebeu, o rico e o pobre,
O infante, o ancião...
O Odio, com aspecto sanhudo,
Faz fugir, foge-lhe tudo;
Aquém, além,
Toda gente corre e o evita
E desesperada grita,
Olhando atraz: o Odio ahi vem!
Resultado: o Amor com um leve
Sorriso – e arma assim tão breve
Só lhe bastou –
Matou mil. O Odio, entretanto,
Com furor feroz e espanto,
Nenhum matou.
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