DIAS ÚLTIMOS
Quem disse que aquele olhar silente era mudo?
Ele falou
Na umidade de suas lágrimas poucas
De seu profundo olhar
Perdido naquela noite
Na mesa do bar.
Seus anos muitos
Suas rugas tão várias
E os cabelos poucos, ralos
Brancos
Misturavam-se à solidão de um copo
E de uma mesa vazia
Ao redor de outros
Tantos.
Foram-se as pessoas
Ficou a lua
E ele ali ainda
Sentado
Parado
Olhante.
Bar fechado
Vazia rua como su’alma
Rumo à casa sombria
Esperando último dia
Ele pensante
Caminhante.