A LENDA DO CAVALEIRO SEM RUMO

Lá vinha o cavaleiro montado em seu ginete:

Onde vais cavaleiro, assim, tão depressa?

Vou gozar liberdade.

Mas não tens um destino, uma rota, uma meta?

E liberdade lá tem meta, caminhante?

Vou gozar liberdade, liberdade liberta.

Vou nadar qualquer rio.

Vou topar qualquer praça.

Liberdade, caminhante, não tem meta.

Liberdade tem vento

a soprar nosso peito.

Tem respingo de lama

a sujar nosso rosto.

Tem, enfim, tudo aquilo

que queremos no agora.

E no amanhã, cavaleiro,

liberdade não pensa?

Amanhã? Liberdade sem rumo

colhe os frutos do campo

pro desejo do agora.

Para que pensar no amanhã?

o gozo dispensa empecilhos!

Liberdade, caminhante,

e gozo sem reticências!

Então vai, cavaleiro.

Vai gozar liberdade.

Manda-me lembranças

de suas venturas. Voltando,

traz um pedaço

do vento ligeiro

que leva sem rumo

você e seu tino.

Vai lá, cavaleiro, eu torço por ti.

Mas o cavaleiro jamais retornou.

Um vento me disse que o tal cavaleiro,

gozando, voraz, liberdade sem rumo,

foi ter num deserto de terra distante

chorando a carência de triste prisão.

Kleiton Muniz
Enviado por Kleiton Muniz em 16/07/2013
Código do texto: T4389098
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