A Pequena Morte

A Pequena Morte

Eu sou o orvalho que brota de tua nuca,

E vem desenrolando sobre teu corpo,

Desbravando cada milímetro de tua pele,

Aos poucos, sou absorvido por teus poros,

E acabo naufragando em tuas pétalas,

Sinto-te sendo vencida, quando

Desponta ao céu numa rápida investida

E um golpe rígido com as pernas me contrai,

Depois cais com o langor de uma pena

Perdida de um pássaro que corta o céu,

Toda sua textura é dissipada

Em uma nuvem de fumaça sobre mim,

E como um Pajé, danço com o fogo

Para te reconstruir e chover novamente,

Retorna com a fúria incontrolável

Da canção rouca que devora a própria boca,

Sinto-me a fronteira da morte,

Minha vida explode em milhares de partículas de mim

Esvaindo meu ser

Pela diretriz tubular de um coração

Escondido pelo pudor,

Continuações de mim são despejadas

Em fragmentos num abismo de prazer

Para um futuro acidente consciente

Fundir minha existência e a tua em um só ser;

Quando consegues esgotar

O sumo da vida que há em mim,

Meu corpo cai na trincheira de tua alma,

O ocaso, uma escuridão mais clara que a luz,

Onde tudo que antagoniza, vira sinônimo,

A relva da vida torna-se sepulcro,

Eis meu claustro;

A inércia da morte palpita,

Fora de mim;

Olhamo-nos como desconhecidos,

E somos domados pelo sorriso da calma,

Depois, por um momento analisamos

A perfeição alheia e então descubro

Que me fiz com o elixir da vida

Só depois que tu esgotaste ele de mim,

Olho para ti e vejo uma tempestade em teus olhos,

Inflama uma redoma de fogo nos envolvendo,

Tal calor faz brotar uma gota de orvalho de tua nuca,

Então, novamente me transformo nele...

02/11/2012

Leandro Tostes Franzoni
Enviado por Leandro Tostes Franzoni em 12/07/2013
Reeditado em 15/12/2013
Código do texto: T4383079
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