A Pequena Morte
A Pequena Morte
Eu sou o orvalho que brota de tua nuca,
E vem desenrolando sobre teu corpo,
Desbravando cada milímetro de tua pele,
Aos poucos, sou absorvido por teus poros,
E acabo naufragando em tuas pétalas,
Sinto-te sendo vencida, quando
Desponta ao céu numa rápida investida
E um golpe rígido com as pernas me contrai,
Depois cais com o langor de uma pena
Perdida de um pássaro que corta o céu,
Toda sua textura é dissipada
Em uma nuvem de fumaça sobre mim,
E como um Pajé, danço com o fogo
Para te reconstruir e chover novamente,
Retorna com a fúria incontrolável
Da canção rouca que devora a própria boca,
Sinto-me a fronteira da morte,
Minha vida explode em milhares de partículas de mim
Esvaindo meu ser
Pela diretriz tubular de um coração
Escondido pelo pudor,
Continuações de mim são despejadas
Em fragmentos num abismo de prazer
Para um futuro acidente consciente
Fundir minha existência e a tua em um só ser;
Quando consegues esgotar
O sumo da vida que há em mim,
Meu corpo cai na trincheira de tua alma,
O ocaso, uma escuridão mais clara que a luz,
Onde tudo que antagoniza, vira sinônimo,
A relva da vida torna-se sepulcro,
Eis meu claustro;
A inércia da morte palpita,
Fora de mim;
Olhamo-nos como desconhecidos,
E somos domados pelo sorriso da calma,
Depois, por um momento analisamos
A perfeição alheia e então descubro
Que me fiz com o elixir da vida
Só depois que tu esgotaste ele de mim,
Olho para ti e vejo uma tempestade em teus olhos,
Inflama uma redoma de fogo nos envolvendo,
Tal calor faz brotar uma gota de orvalho de tua nuca,
Então, novamente me transformo nele...
02/11/2012