FLOR NO ASFALTO

FLOR NO ASFALTO

Nada a falar, apenas o silêncio

do andar , sob sol , ao vento...

Minúsculas partículas de pó

que a pele absorve e a boca sorve

são restos de esperança e alento.

Só....vamos só ao desencontro

através da bruma da manhã prevista.

E o nó, o fio da meada e o porquê

vão implícitos sob olhos e pés.

E se a essência quer se perder,e a indecência

voa e rodeia cada cabeça e mente,

só a arte se ergue contra a intolerância

e contra o flamejar de línguas ferinas.

É tênue o limite entre o certo e o errado

o necessário e o fútil...Mas sigo, como bailarina,

entre o ser neutro e justo,

sem perder a ternura entre vaidades

Que não se dilua nas águas do apolitico e amoral

o frescor da juventude e o sabor da justiça.

Na turba, onde se normatizam corações e mentes

sobrevive o ideal que não se submete ao capital.

O justo é a igualdade, o popular e o social.

E, ainda que pisoteada pela truculência do discurso

o que que se anuncia é vendaval

e o amor não desiste e insiste,

por entre as grotas de concreto armado,

no abrigo de asfalto que nutre cada flor.

Marcia Tigani_ outono 2013

MARCIA TIGANI
Enviado por MARCIA TIGANI em 06/07/2013
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