TRANSMUTAÇÃO
Meu cerebelo sibila,
clareia o silêncio em pó,
vasculha uma sombra vesga
no dorso universal,
lambuza no sal da aurora,
o afoito feto da dor,
celebrando o desafeto
que tange as curvas do amor.
No vértice da penumbra
busca o âmago da cor,
ciúme que se vislumbra
na ira doce cinzenta,
na mira do cego medo,
nas mãos do que desinventa,
entre a esperança e o desejo
na impureza da água benta.
Lampejo que se renega
renegando a sutileza,
martírios de pronta entrega
filhos da mãe natureza,
repelente futurista
em uma era cibernética,
coisa da antimatéria
transmutando toda a ética.
Inundando o firmamento
em um dilúvio sem nexo,
impugnando o sentido
minando todo o reflexo.
Rebuscando no sagrado
toda vil hipocrisia,
sentimentos fatigados
em prol da sabedoria.
Saulo Campos - Itabira MG