TRANSMUTAÇÃO

Meu cerebelo sibila,

clareia o silêncio em pó,

vasculha uma sombra vesga

no dorso universal,

lambuza no sal da aurora,

o afoito feto da dor,

celebrando o desafeto

que tange as curvas do amor.

No vértice da penumbra

busca o âmago da cor,

ciúme que se vislumbra

na ira doce cinzenta,

na mira do cego medo,

nas mãos do que desinventa,

entre a esperança e o desejo

na impureza da água benta.

Lampejo que se renega

renegando a sutileza,

martírios de pronta entrega

filhos da mãe natureza,

repelente futurista

em uma era cibernética,

coisa da antimatéria

transmutando toda a ética.

Inundando o firmamento

em um dilúvio sem nexo,

impugnando o sentido

minando todo o reflexo.

Rebuscando no sagrado

toda vil hipocrisia,

sentimentos fatigados

em prol da sabedoria.

Saulo Campos - Itabira MG

Saulo Campos
Enviado por Saulo Campos em 01/07/2013
Código do texto: T4366409
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