O sabor da Frustração
Quantas vezes não nos perguntamos
Onde foi que nós erramos?
E agora irei lhe contar
Um modo de fracassar
Provavelmente será um texto comprido
Não me preocupo em deixá-lo resumido
E os versos irei rimar
Pra quem lê-lo, não se cansar
De um mero texto-desabafo
De quem também lava o garfo
Da cozinha do restaurante
Que faliu, nesse instante
Quisera eu, ter dado sorte
ou ter sido um pouco mais forte
Ter lutado com mais garra
e enfrentado essa barra
Em dezembro a gente abriu
e resistimos além de Abril
mas as fatalidades do destino
nos apontaram o término
De um boa empreitada
um tanto quanto despreparada
uma fuga para a solidão
que aplacava um coração
E até parecia que ia vingar
mas ora! Era de se esperar
Que o dinheiro ia ser curto
e eu quase entrei em surto
Além do mal agouro
que rasgou meu couro
na vida pessoal
eu também ia mal
E tentava me conter
pro restaurante nao sofrer...
tive a moto apreendida
e a carteira destituida
resolvi passá-la pra frente
pois acreditava estar ciente
de que o problema que apareceu
Ponto final, resolveu!
Tão doce ilusão
Me trouxe a ambição
de um carro comprar
pra depois, capotar
E como se não fosse suficiente
ou talvez tenha sido imprudente
Só sei que quando ví
meu carro, de novo, bati
Mas saí sem um arranhão,
e com acelerado coração
decidi ainda mais me empenhar
e no restaurante, comecei a madrugar
Até por que o dinheiro era pouco
e eu já estava ficando louco
comecei a perder cabelo
e fiquei meio amarelo
e meus sócios, coitados
já estavam tão cansados
de lutar quase em vão
estava estampada a exaustão
mas mesmo assim a gente insistiu
e a gente quase sorriu
se nao fossem os calotes
que açoitavam como chicotes
Poderia ter dado certo
se a gente fosse esperto
e nao tivesse aberto
mas na proxima, quem sabe acerto
O que fica agora sao as dívidas
crescendo como feridas
que não cicatrização
enquanto doer o coração