A flor e o vento
Esther Ribeiro Gomes
-Ah, vento, por que me castigas tanto?
Passas sem dó arrancando minhas pétalas
e eu definho, triste, a soluçar,
pensei que soubesses me amar...
-Perdoa-me, querida flor,
quem disse que não te tenho amor?
Mas eu preciso soprar para amenizar o calor,
conduzir os barcos em alto-mar,
renovar as folhas das árvores
e os verdes campos refrescar!
-Então, por que não sopras uma suave brisa?
Alegro praças e jardins, sou muito desejada,
ofertada com carinho aos enamorados,
deixo a vida mais romântica e perfumada,
eternizando os laços de amor,
pincelando a natureza de cor!
-Sei que és única, querida flor,
mas sabes que tua vida é breve,
nasceste para perfumar o amor,
és o símbolo da paixão,
trazes alegria ao coração!
E quando, enfim, despetalares,
um lindo botão vai desabrochar,
para toda gente encantar!
-Tens razão, amigo vento,
Deus criou a natureza com sabedoria,
nada sobrevive ao passar do tempo...
Aqui viemos para espalhar alegria,
tornando o viver mais leve
e embora minha vida seja breve,
aspergirei meu perfume,
para aqui deixar inesquecível lume!