Brinco
O brinco perfura a carne
É o mesmo que dá a vida
É o mesmo que ganha a total beleza
É o mesmo que usurpa fatalmente a dor de ser brinco!
Brinco para usar a vida
De tudo aquilo que seria aparentemente feio
Venço, como brinco, na beleza, vitória e dor
E que se fez na tentativa de ganhar!
O brinco de pérola que perfura a carne
É o mesmo que faz doer às trêmulas carnes femininas
Mas a dor é valiosa: dor de pérola, rubi e diamante; dor e brinco
É o mesmo na vida que brinco ganha em vida e em beleza; apenas brinco!
Brinco de dor, brinco de vida, brinco, brinco...
Na dor que brinco; na vida que é brinco; dor é vida; vida é dor...
E eu brinco de ser fatalmente belo
E eu, brinco, usurpo a total dor de vida!
Na perda que brinco, não se pode mais acha-lo:
Com a perca, foi-se vida, beleza e dor
Na dor em ser real, brinco de ser vida
E beleza, e tudo, e perda: perdi a vida em que brinco?