GRILOS

De férias na primavera,

o grilo verde

pousou na laranjeira.

Poderia ter pousado

também na goiabeira

que não faria a menor diferença.

Afinal os grilos

não devem ter grilos

como eu tenho,

ou minha vizinha,

ou o Zé do bar da esquina,

ou a putinha do bairro.

O dia passou,

chegou o meio dia,

a laranjeira fez sombra

e o grilo nem se moveu.

Não comeu

nem bebeu,

sequer perguntou por banheiro.

À medida que a noite chegava,

e o grilo continuava estático

como uma estátua,

meus grilos foram aumentando.

E o grilo não estava nem ai

para os meus grilos.

Eu dormi,

o grilo eu não sei.

Quando amanheceu

o grilo havia sumido,

e eu continuei com os meus.