o carregador de poesia
Naquele instante o homem olha o papel
No canto esquecido por alguém
Branco, incólume, intocado, apenas abandonado...
Corre nos bolsos procurando,
Talvez encontre uma caneta,
Um toco de lápis!
Pois em sua mente nascia uma poesia,
Distorcida, desconexa, turbilhão de palavras...
E como um mestre de harmonia,
Tentou organizá-las, pondo pontos.
Vírgulas, pausas, reticências...
Tentou racionalizar a emoção.
E como a mais bela das fotografias,
Aquela poesia petrificou no seu cérebro.
Como que se vida tivesse,
Disseminou o desejo de ser exposta.
De ser o grito que daquela boca,
Tantas vezes foi contido.
Então se lembrou o homem,
Que lápis não achou,
Caneta não encontrou,
Sentia uma pequena frustração no seu coração.
Então seguiu seu caminho,
E aquela poesia pro resto da vida só com ele ficou...
Allan Ribeiro Fraga