Da Palavra Crua

Desta vez, não cantarei a lua...o sol...o mar...o rio...

nem sentirei arrepio (que sente o verso, quando flutua);

desta vez : palavra crua!...por um fogo que se extinguiu...

por uma vida no frio...por uma morte que se insinua...

desta vez, os bêbados do bar (com seus medos embriagados)...

os pobres coitados (que sonham em dormir e não acordar);

desta vez, seco, o olhar...e os olhos do sonho, afogados

em pesadelos derramados por quem nunca pôde sonhar...

desta vez, a feiura do riso (que é pura ironia)

sem dentes de alegria pra morder sua vida tão dura...

uma mancha escura nessa feia boca (que sorriria

se, além da poesia-que a alimenta de ternura-

a letra fosse dentadura de mastigar hipocrisia)...

Ah, o amor deixaria de ser apenas literatura!

25-05-2013

Torre Três (R P)
Enviado por Torre Três (R P) em 25/05/2013
Reeditado em 10/12/2015
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