COMO UMA ÁRVORE
Numa segunda-feira do final de abril.
Trabalhava na escola.
Ao sair de uma sala de aula
Deparei-me com uma cena,
Que via todos os dias,
Uma árvore de folhas amareladas.
Uma caindo após outra.
Subitamente subiu-me um pensamento.
Olhei para dentro de mim
Senti-me como aquela árvore da escola.
A qual perdia suas folhas.
Aos quarenta me sinto assim.
Comparo-me àquela árvore,
É o processo natural de todo o ser vivo.
O frescor e o verde da vida já passaram.
Tudo em mim se modifica, dia a dia,
Mês a mês, ano a ano.
Vejo sonhos que não se realizaram.
Experiência que não vivi
E jamais as poderei vivenciar.
Semelhantes aquelas folham que caíam da árvore.
O tempo vai passando rápida e lentamente.
E eu vou perdendo o que conquistei.
E isso é terrível, ver partes de você se desvencilhando
Do seu corpo.
E vejo fragmentos de mim ficando pelo caminho percorrido.
Em mim só permanece o tronco ressequido
E petrificado com as experiências vivenciadas.
Minha vida ficou como a daquela árvore.
E os valores que eu acreditava ruíram.
As instituições que pregavam a moral
Perderam-se todas, a sociedade se perdeu
Eu me perdi.
O que ficou de mim foi apenas um troco no tempo.
Vejo minhas folhas caírem de mim
Uma após outra e eu nada posso fazer.
Isso é viver...
Cálamo de Poesia
30.04.13