Paralelêpipedo.
Paralelêpipedo.
Em pé, sobre o meio-fio, fico horas a lhe esperar,
a aflição muito me agita e ando pra lá e pra cá.
Como água em pedra dura o meu andar vai gastando,
o granito sem parar, consumindo a mim e a pedra,
neste martírio que não sei quando vai terminar.
A calçada não é tão forte, e como eu vai sofrendo,
a corrosão que destrói, e nós vamos penando, numa tortura sem fim, é como se carcomesse a carne num banquete de grande festim.
Mas quando ao longe lhe vejo, o meu coração dispara,
numa emoção sem igual, tudo que há pouco sentia,
num instante esqueço e esperar parecia coisa muito banal.
Você diz e acredito, que nunca vai deixar de vir,
a minha angústia por certo, não tem a menor razão,
é coisa do cupido, zonbando com minha cara, curtindo esquecendo a função.
Agora que você já chegou, pra que aquela pressa danada?
quero que o tempo demore, que o dia custe a passar,
que as horas se arrastem, pois não quero ir embora e jamais te deixar.