Paralelêpipedo.

Paralelêpipedo.

Em pé, sobre o meio-fio, fico horas a lhe esperar,

a aflição muito me agita e ando pra lá e pra cá.

Como água em pedra dura o meu andar vai gastando,

o granito sem parar, consumindo a mim e a pedra,

neste martírio que não sei quando vai terminar.

A calçada não é tão forte, e como eu vai sofrendo,

a corrosão que destrói, e nós vamos penando, numa tortura sem fim, é como se carcomesse a carne num banquete de grande festim.

Mas quando ao longe lhe vejo, o meu coração dispara,

numa emoção sem igual, tudo que há pouco sentia,

num instante esqueço e esperar parecia coisa muito banal.

Você diz e acredito, que nunca vai deixar de vir,

a minha angústia por certo, não tem a menor razão,

é coisa do cupido, zonbando com minha cara, curtindo esquecendo a função.

Agora que você já chegou, pra que aquela pressa danada?

quero que o tempo demore, que o dia custe a passar,

que as horas se arrastem, pois não quero ir embora e jamais te deixar.

zoric
Enviado por zoric em 27/03/2007
Código do texto: T428210