QUANDO CHORAS
Amor, quando tu choras,
choras e eu me irrito,
porque todas as horas
naquele mesmo rito,
nos sonhos que moras,
faz meu coração aflito.
Amor, não chores a toa,
é esta imaginação tua
que no pensamento vôa,
até ao mundo da lua.
Ela que vagueia e magoa
com sua linguagem nua,
que constante entoa,
como o sino que soa
no campanário escoa
a tua voz rude e crua.
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Já te odiei tanto um dia,
mas por ter muito te amado,
pois se assim não fora
não estaria apaixonado
e de ti já teria ido embora
sem hesitar, sem demora,
já teria esta página virado.
Mas ainda não esgotei,
o meu amor é longânimo
e me dá muito ânimo
é por isso que eu sei:
Me amas não me odeias,
me amas profundamente,
porque teu olhar não mente
pelo sangue em tuas veias
que corre nelas tão quente,
tão quente quanto as areias,
quanto as areias do deserto.
Mas meu peito está coberto
de raiva, de vontades,
e me faz sentir no hades,
por não querer ver a alva,
de só querer não ter existido
e nunca ter permitido
o coração amar de novo,
já sabendo o que vem atrás,
voltando para a casca do ovo,
perdendo outra vez a paz.
(yehoram)