A DOR
A DOR
Me escondo
nos olhos
do cão sem dono
nos pêlos
do gato sarnento.
Sou a chaga
da lepra
na tua carne
a ferida que
não cura
a dor que não acalma.
Ressôo
nos toques
do sino fúnebre
sou o eco
da pergunta
que não cala
o pássaro ferido
incapaz de voar.
Nas madrugadas
sou o grito
da coruja
o vôo
do morcego
o brilho solitário
que risca o céu
dos abandonados.
Sou o lado obscuro
nas sombras
do meu pensamento.
Sou a desiludida
que se esconde
em sonhos traídos.