Desertos de Sal
E o fogo de outros tempos
Queimava na memória,
As estepes rochosas
E os desertos de sal.
A crença, de construção espartana,
Criada quase por acidente
Sorria escandalosamente
Em um mundo de brumas.
As chamas insistentes e vorazes,
Perseveravam.
Ora extinguiam o ferro da existência,
Ora moldavam o ouro da alma.
Em meio a este mundo improvável
Os sonhos se dissipavam
E eram engolidos sistematicamente
Pela crueldade da ampulheta faminta.
No fim, não houve espera sem recompensa
Nem dor que não fosse silenciada
A vida quase sempre premia
Aqueles que são bons e aqueles que acreditam.