Es mesmo tu?

que coisa linda são teus olhos;

olhos que não se sabe como,

resiste, guardado ainda resiste;

olhos como uma janela aberta

olhos que passeia no céu azul

e no calabouço das ferocidades;

que dura e perdura, entrelacado

ao tempo, é perda e paciência

abençodos, maduros, perdoados

olhos que deitam em meu corpo

e pergunta : és mesmo tu?

e eu respondo , quase já sem

força ou anseio: sim, sou eu...

sou eu rio, sou eu mar, sou eu

tombo e alegoria, sou eu pedra e

zomba, osso cansaço... essa

vergonha, esse sentir espremido

esse vergão na pele, esse castigo;

sou sim, esse descampado resumido