O SOM DA ALMA

O SOM DA ALMA

O som da alma,

Trouxe-me o recurso e a angustia de senti-la.

Era a voz que entoava naquele céu de sentimentos.

Passeava dentro do meu ser

Numa autonomia nunca imposta.

Delirava ao sabor das lágrimas

Que era um retrato da dor,

Onde se permitia mostrar-se

Aos olhos incrédulos

De quem parava para ver.

Era um som que rasgava a carne

Numa profusão de cortes delineados,

Que sabia onde encontrar

O ponto mais sensível.

A lâmina corria firme

Na mão de quem sabia manuseá-la,

Mostrando a arte do corte.

E a alma emitia seu som mais delirante,

Mais profundo,

Mais agoniante.

A face se contorcia,

Pintava a dor,

Decorava a rima,

Soltava o urro desenhado

Nas ímpias águas cristalinas

Que continha o sal

Que dava o sabor

Daquele som interno.

Numa dança frenética

Comandava meus passos

Num ritmo doce e dolorido.

Sentia-me subjugado e agradecido

Era os louros de uma ultima decisão,

De ir ao alto do grito

E ao mais baixo da dor.

Rejubilava e repudiava

A maneira com era comandado.

O som da alma cumpria seu papel,

Enérgica e sorrateira

Diante de quem dava a permissão

De viver em função daquele som.

O som da alma...

Quem o percebe, domine-o.

Quem o cultiva,

Delimite o espaço.

O som da alma traz,

Leva,

Confunde,

Açoita,

Canta

E chora.

Di Camargo, 18/04/2013