Pedra falsa

Na esquina em que duas ruas se esquartejam

Vem-me algo como morte e minhas roupas despele

Eu me sinto nu, como sem calça e sem camisa

Nu, muito nu, também de uma certa cara vencida;

E eu constrangido, assustado num encolhimento ,

Com minhas veias aos olhos envergonhadas

Sentindo na minha nudez uma dor tamanha

inventando outra fachada como façanha.

E de repente, já sem forças, beirando o desmaio

Parei de debater do esforço de não sair do compasso

Percebi, claramente , que eu me guardava do mundo

Como uma pedra falsa , que pra se manter, não se expunha;