TU TA

Tua boca me fazia tu

Teu peito me fazia Ta

E algo mais profundo

Me dizia: tutatu tutata

E quando na noite

Nossa boca esvaziava

Como uma bica cheia

- ta tu ta tu

- tu tu ta ta

- tu ta tu tu

- tu tu tu tu

- ta ta ta ta

- tu ta tu ta

E eu sonhava que não existiam

Outros sons: que somente assim

O amor se falava

Ai, nas suas andanças descobriu

Um tal de arroz, depois me veio

Falar de feijão, e logo depois

Aluguel, coisas que nunca ouvir,

E logo, gás, óleo e um dia chorou:

Dizendo que estava cheia de palavras

Grandes. E eu me senti criança

E desamparado.

Depois descobriu

O dinheiro, que existiam casas maiores

Que nossa janela estava velha, que

Nada ali prestava como nas coisas

Que aprendia...e que me achava

Bobo quando de olhos marejados

Eu lhe dizia: ta tu tu ta...

E eu fui me envergonhando e quando

Muito tempo depois quando sua

Presença era penas memória e já

Sabia outros medo e desejos que

Nem nas suas palavras já não cabiam.

Sozinho na minha casa, olhando

Para uma janela, a cozinha endireitada,

e cheia de fermento e de cores

numa casa toda palavreada

Somente duas ainda me são importantes:

Tu ta...