No fim
Deixei de amar
Não por questão de reciprocidade alheia
Apenas por não ter aprendido
A corresponder a mim mesmo
Resolvi esquecer
Fui viver docemente a vida
Sentindo um pouco o gosto amargo ela
Impalatável até a alma
Meu espírito vil envelheceu
Vendo tudo planamente
Na minha mente que mente
Sobre certas coisas
Algumas verdadeiras mentiras
Outras mentiras verdadeiras
Ainda assim eu sentia
Um palpitar forte
Fui vendo minha família e amigos
Aos poucos silenciarem os seus conselhos
O tempo e o cansaço os levaram
Foi até bom
Estavam cheios de problemas
Carregar os meus seria um martírio
Na triste solidão percebi
Aquela coisinha aqui dentro
Capaz de tirar-me do estado reflexivo tão vago
No último badalar do relógio vi
O quanto eu era capaz de me amar