A escolha
Pela única fresta
que me deixaste
para respirar...
Uma a uma
as palavras pingam...
me batem,
me chicoteiam,
me xingam,
me invadem...
Violentam
meu último vestígio
de inocência!
Olho ao redor...
Vejo montanha!
Não posso escalá-la!
A dor é tamanha...
tamanho de montanha!
Vejo a corda
que deixaste jogada
para que eu escolha
entre escalar
ou me enforcar...
Teu maldito silêncio
me diz que tanto faz!
És navio, eu sou cais!
Lavas as mãos!
A escolha é minha, afinal!
Minhas mãos são calejadas...
Já secaram tanta água e sal...
Pois te digo...
Ainda respiro
Tenho vontades aladas
Encontro a porta
por onde vou passar
Não quero tua corda
Vou inventar asas
E voar...